outra_inês

a avó acordou convencida de que era o seu aniversário.
perguntámos quantos anos fazia, ficou triste com a pergunta
-já que não se lembraram do dia, podiam, ao menos, saber os anos. vocês pensam em quê?
fizemos um bolo à pressa, cantámos os parabéns e a avó soprou as velas, feliz

faço parte da (pequena) percentagem de pessoas que:
- ainda não viram Adolescência
- não provaram chocolate do Dubai
- não publicaram fotos Ghibli

a falsa preocupação em saber como estou, a preocupação que antevê o pedido de um favor, irrita-me tanto ou mais do que o próprio favor.

conheci-a. imaginei-lhe a vida preenchida de coisas maravilhosas
convidou-me para trabalhar. aceitei
agora, vendo-a como minha chefe questiono o quão vazia pode ser afinal a vida de alguém que acorda sempre com intenção de controlar e atacar os outros, os próprios colaboradores.

quando estás no lugar errado, nem dando o teu melhor serás suficiente

consultórios cheios de gente inundada de remédios:
remédio para ansiedade, para depressão, para dormir, para acordar, para viver, para fazer viver quem quer morrer...

-porque faço terapia?
-porque acende uma luz sobre o móvel onde todos os dias tenho batido com o dedo mindinho

todos os meses ganho mais uma batalha nesta guerra da habitação
tenho uma casa, mas em euros ainda partilho algumas paredes com o inimigo

#osoutros
-ficou bem depois do pé partido?
pergunto
-nunca ficará!
respondeu a mãe, com quem não era a conversa
-oh mãe!
-o que tem? sabemos que nunca recuperá
-mas não precisa de lho dizer
-alguém tem de o fazer

assim se descobrem nódoas naquele que tínhamos como melhor pano

eu não sei onde vocês viveram até hoje, nem sequer onde passavam os meses entre novembro e fevereiro, mas o cenário da noite passada era um inverno normal na minha infância lá na aldeia

a diferença é que antes havia zelo e cada um cuidava e prevenia o que é seu

A quem carrega a dor de um filho órfão de pai vivo

Feliz dia do Pai, mães/avós

no dia do jogo (eleições), vou para o marquês festejar as novas contratações do clube!

farei disto (o governo) uma equipa de futebol, Marcelo a presidente do clube, primeiro ministro treinador, os deputados são os jogadores e nós a claque a sorrir e acenar.

ontem no supermercado:
o cliente à minha frente com o carrinho de compras a abarrotar, perguntou:
-Pode abrir outra caixa?
- Não, tem de esperar!
- Tenho de esperar... ok, mas vou esperar noutro supermercado, aqui não espero mais.
deixou o carrinho com as compras e seguiu embora

#voluntariado
faço, mas sinto-o desconectada da minha realidade atual – e tenho pensado nisso.
dar do meu tempo sem me sentir útil ou necessária, lidar com (mau-humor) pessoas… tem-me deixado de pé atrás.
na verdade, há um tempo para tudo na vida, não é?

exato, independente de ter seguido a religião até ali e continuar a seguir, ainda assim, prevalece o sacramento, independentemente dos valores.
o meu ‘marido’ é agnóstico e eu não posso casar sem ele, lamento.
mas são regras, estão publicadas e eu desconhecia

passam o ano a construir uma reputação, a agir como exemplo, a saber estar, a saber ser… vale de quê? chega o carnaval e este trabalho vai todo por agua abaixo!
como vou amanhã encarar o meu chefe depois de o ver vestido de legins rosa-choque?

o prazo foi alargado até sexta

a igreja recusou-me como madrinha de uma criança porque:
cometi o crime de não ser casada!
se for má pessoa (mas casada) dá!
se nunca mais vir a criança (mas casada) dá!
se fizer a vida negra aos outros (mas casada) dá!
se escolher outra igreja que não a 'minha' também dá!

porque agora está tudo no telemóvel

alice e o primo pedro:
-sabias que para a tua mãe estar grávida ela teve de ter sexo?
-como assim?
-os teus pais fizeram sexo, é assim que os bebés vão para a barriga!
-deve haver outra forma, o meu pai não ia fazer isso.

hoje partiu uma pessoa que eu conhecia pouco, mas não esquecerei a lanterna que me ofereceu numa fase mais sombria da minha vida

eu tenho muita disponibilidade para ser amável com gente ingrata e um talento inato para me sentir otária logo a seguir

identifico-me

hoje estive com uma amiga não praticante.
sei que ela gosta de mim.
ela sabe que gosto dela.
sei que se precisar de alguma coisa, está aqui.
ela sabe que se precisar de alguma coisa estou aqui.
é uma amizade de baixa manutenção que, talvez por isso, seja verdadeira há 40 anos.
e saber isso, basta-me

#omaisvelho
consegue fazer-me feliz, tal criança que pula numa poça de água.
os filmes tornam-se aborrecidos comparando com a aventura que é tê-lo na minha vida.
há alturas em que o odeio na mesma proporção que o amo. não gosto de tudo nele, ainda assim, não mudaria nada ♡

aceitei o sumo…
e a certeza de que a vida tem sempre um plano diferente do meu

o mais velho tinha acabado de fazer sumo e eu fui à cozinha para beber.
ele estava sentado a comer presunto e queijo, eu sentei também.
entretanto lembrei-me que ia só beber sumo e afinal estava a comer.
levantei-me para voltar ao sofá e o mais velho perguntou:
-queres sumo?

fui ensinada a fazer o bem sem esperar nada em troca, aprendi (e acreditei) que os outros seriam bons comigo se eu fosse boa para eles.
na catequese ouvi histórias de jesus ter ajudado tanta gente e apenas um voltou para agradecer... devia ter percebido logo aí

não ia há anos, hoje fui à feira.
vi umas calças giras, parecidas com outras que tinha visto há dias.
perguntei o preço:
-10€
-nos saldos da MO(dalfa) vi por 8€
-tá a comparar esta roupa com a do supermercado?

fui (quase) expulsa, não pelo regateio mas pela ousadia da comparação

daquele loja que ainda não decidiu se quer ser ótica, farmácia ou perfumaria, trouxe um ‘Ultra Brighten Sculpt’
não lhe sei exatamente a utilidade, mas sinto que dei um passo importante no mercado da cosmética.

[não tarda estou a injetar cenas (na cara)]

desdenhar das coisas tontas que acontecem aos outros é um dos meus super poderes.

hoje abasteci com gasolina o carro a diesel!

que felicidade é saber que as coisas tontas só contam quando são com os outros.