Alameda Institute

O humanitarismo não superou a crise, ele a normalizou como uma forma de governança.

Leia "Western Humanitarianism: Saving Lives or Regulating Death", de Mark Duffield, em nosso próximo dossiê "Containing Politics: The Rise and Reform of Humanitarianism": alameda.institute/dossier/west...

Tecnologias como a previsão da fome não evitaram a catástrofe. Elas ajudaram a decidir qual nível de perda seria considerado aceitável, transformando o sofrimento em dados, governança e regulamentação, em vez de libertação.

Ao longo do eixo África-Ásia Ocidental, a expansão imperial se disfarçou de preocupação humanitária. Décadas de "emergências" foram normalizadas, mascarando a violência estrutural, a desapropriação e a destruição ecológica.

O humanitarismo ocidental é frequentemente retratado como salvador de vidas. Mas e se sua função mais profunda tiver sido regular a morte no mundo neocolonial, transformando crises em ciclos gerenciáveis de ajuda e controle?

As crises de migração não são acidentes, são sintomas de um sistema construído com base na descartabilidade.

Leia "Surplus and Displacement, Refugees and Migrants" de Nadia Bou Ali e Ray Brassier, originalmente publicado em Global Dialogues: alameda.institute/report/surpl...

A ajuda humanitária geralmente gerencia o deslocamento dessas populações como uma crise a serem contidas. Mas, ao fazer isso, ela reforça as próprias estruturas que geram a humanidade excedente, transformando o sofrimento em uma ferramenta de governança.

A mão de obra de refugiados e migrantes sustenta as economias enquanto lhes são negados direitos e reconhecimento. Sua exclusão não é acidental, mas um mecanismo que mantém os salários baixos, fragmenta os trabalhadores e legitima o controle.

Os migrantes não são simplesmente "forasteiros" nas fronteiras. Eles fazem parte da própria lógica do capitalismo de populações excedentes, produzidas por meio do desemprego, da precariedade e da descartabilidade, tanto dentro quanto fora das economias nacionais.

E isso exige o desenvolvimento de novas instituições dos despossuídos nas geografias periféricas do mundo.

Leia o artigo de Juliano Fiori “Uma questão pós-social” publicado em Disasters: alameda.institute/article/a-po...

Uma política diferente da vida humana, baseada em necessidades radicais, é agora a base necessária para uma contestação substantiva das transformações sociais que projetam o horizonte catastrófico de hoje.

Segmentos de populações excedentes relativas tornaram-se populações excrescentes — externalidades do setor formal que não são mais funcionais para o regime de acumulação. Para o capitalismo contemporâneo, em vez de oferecer uma solução para um problema sistêmico, a ajuda se torna um obstáculo.

No Ocidente, a informalização do trabalho tem contribuído para o esvaziamento da classe média, que antes fornecia a base social para a expansão da indústria da ajuda humanitária.

Ao manter potenciais trabalhadores assalariados, a ajuda humanitária desempenhou um papel na transformação da informalidade num meio viável de acumulação, principalmente para o capital monopolista ocidental.

Após a crise da dívida de 1982, o setor da ajuda humanitária expandiu-se em resposta a uma explosão de informalidade precária na periferia da economia mundial.

26 -28 de setembro de 2025 Sabores da liberdade festival Jitauna BA Claudemiro Dias Lima Assentamento Logo do MST e do Alameda

O @alameda.institute está apoiando a realização deste festival incrível sobre soberania alimentar e cultura popular no Assentamento Claudemiro Dias Lima. A atividade é aberta e há um pacote especial pra quem quiser hospedagem e alimentação. Infos aqui: docs.google.com/forms/d/e/1F...

O festival acontece de 26 a 28 de setembro, em Jitaúna (BA), no Assentamento Claudemiro Dias Lima (MST), e faz parte do projeto Depois da Ordem, do Alameda, que explora as transformações da soberania.

Inscreva-se aqui: docs.google.com/forms/d/e/1F...

No Brasil, o Festival Sabores da Liberdade celebra o alimento saudável, fruto da terra e da coletividade – fortalecendo alianças entre territórios e defendendo modos de vida para além da lógica colonial e capitalista.

Em Chiapas, os Zapatistas mostram isso desde 1994: constroem autonomia em saúde, educação e, sobretudo, na alimentação – provando que o alimento pode ser base de autonomia coletiva.

A comida sempre foi uma trincheira de luta. Dos povos originários às comunidades camponesas, a soberania alimentar é resistência contra o capitalismo e o colonialismo.

Uma alternativa real deve centralizar os produtores de alimentos em pequena escala. Isso significa reivindicar o direito de decidir como os alimentos são cultivados, compartilhados e protegidos.

Leia o artigo completo de Ranja Sengupta aqui: alameda.institute/dossier/the-...

Essas crises não são apenas choques.
Elas são o produto de um sistema projetado para extração e dependência - onde as comunidades agrícolas pagam o preço enquanto as corporações lucram.

As regras do mercado favorecem os lucros das exportações em detrimento da resiliência local:

- Os subsídios nos países ricos alimentam as exportações baratas
- Os pequenos produtores são expulsos
- A "sustentabilidade" é usada para restringir a agricultura do sul

O comércio global prometeu segurança alimentar. Em vez disso, trouxe crises alimentares recorrentes, concentração de mercado e erosão da soberania. Os agricultores ficaram com dívidas, colheitas comerciais e dependência de mercados voláteis.

HOJE

Mostra Kapital + Lançamento na Cinemateca do MAM
Com nosso pesquisador afiliado Tulio Custodio.

Entrada gratuita.

@tuliocustodio.bsky.social

Precisamos repensar o humanitarismo para além das narrativas de caridade, reconhecendo seu papel histórico na governança global e na violência estrutural. Leia o artigo completo de Fátima Fouad el-Samman aqui: alameda.institute/pt/dossier/t...

O imperialismo transforma a descartabilidade em valor e o humanitarismo em governança. A "tirania da emergência" se torna uma tirania do presente.

Da Síria a Gaza, o setor humanitário opera ao lado de bombas e sanções. Ele gerencia os resíduos humanos.

As crises não são acidentes, elas são fabricadas, exploradas e enquadradas como apolíticas. Isso mascara suas raízes nas economias de guerra e nos jogos de poder imperial.

As ONGs humanitárias não são apenas prestadoras de serviços, elas são atores importantes no gerenciamento de populações excedentes dentro das economias imperiais. A dependência é o produto, não o problema.

Os pacotes de ajuda e os drones servem ao mesmo sistema: transformar crises em oportunidades de controle político e lucro. Os campos de refugiados, por sua vez, tornam-se laboratórios de controle social.